Máquinas simples, como pequenas esteiras ou misturadores em V, costumam ter poucos pontos de lubrificação bem acessíveis. Nestes casos, o trabalho do lubrificador é rápido e simples, muitas vezes nem sendo necessária a parada de maquinário.
Equipamentos mais complexos, como máquinas-ferramenta e grandes prensas excêntricas, podem possuir dezenas de pontos de lubrificação e nem sempre estes pontos são de acesso fácil, tornando a tarefa de relubrificação demorada e onerosa. Muitas vezes é exigida uma parada da máquina, acarretando quebras de produção.
Nestes casos, é comum optar por um sistema de lubrificação centralizada. Ele é responsável por levar o lubrificante a todos os pontos necessários através de um bombeamento (manual ou automático), o que diminui o tempo e recursos necessários de manutenção.
Em geral o sistema consiste em um reservatório de lubrificante, uma ou mais bombas para forçar a circulação, e um sistema de tubos e válvulas dosadoras que leva o óleo ou graxa até os pontos necessários na máquina, sendo dosado de maneira progressiva e na quantidade correta.
As bombas podem ser hidráulicas, elétricas, manuais ou pneumáticas e são definidas de acordo com cada projeto de equipamento. O tamanho e tipo dos tubos e válvulas em cada ponto também são determinados levando em conta o volume, tipo de lubrificante e temperatura de cada ponto.
Vantagens e desvantagens do sistema de lubrificação centralizada
Como em qualquer sistema, existem pontos a favor e contra a automação ou centralização da automação. Vejamos alguns:
Vantagens:
- Aplicação de lubrificante na quantidade e na frequência correta.
- Diminuição do trabalho manual de lubrificação.
- Ambiente de trabalho mais limpo.
- Diminuição do desperdício de lubrificantes.
- Redução de riscos e acidentes.
- Evita parada de equipamentos para a tarefa de lubrificação.
- Intervalos maiores entre paradas de máquinas para manutenção
Desvantagens:
- Alto custo de implantação, principalmente se os equipamentos não vieram de fábrica com um sistema centralizado.
- Maior complexidade dos equipamentos, com mais peças e dispositivos.
- Pode haver necessidade de novos treinamentos aos técnicos e lubrificadores, para se adaptar aos novos requisitos dos equipamentos.
Assim, a escolha entre um sistema convencional ou um centralizado depende de uma avaliação pesando os custos de instalação e treinamento, e os benefícios de redução de tempo dos trabalhadores e economia prevista dos lubrificantes.
Tipos de sistemas de lubrificação centralizada
Os sistemas de lubrificação centralizada são projetados para atender uma grande gama de equipamentos móveis e estacionários. A complexidade do sistema de lubrificação muitas vezes acompanha a complexidade do equipamento.
Mesmo assim, a maior parte dos sistemas de lubrificação se divide em duas categorias. A primeira são os sistemas onde a bomba pressuriza o lubrificante através dos tubos até os pontos de lubrificação. A dosagem é dada apenas pela pressão da bomba. Estes são chamados de Sistemas Diretos de Lubrificação.
A segunda categoria consiste em sistemas que possuem válvulas de controle nos pontos de lubrificação. São chamados de Sistemas Indiretos de Lubrificação.
Os Sistemas Indiretos se dividem de novo em duas categorias principais: Progressivos e Não Progressivos. Os sistemas Não Progressivos têm as válvulas colocadas em cada ponto de lubrificação e dosam o lubrificante de acordo com a necessidade individual daquele ponto.
Uma desvantagem deste sistema é que se alguma válvula tiver algum problema, pode ser difícil detectar a falha pois a bomba e demais válvulas continuarão funcionando sem alteração, mascarando o problema.
O Sistema Progressivo consiste em colocar as válvulas em cascata, setorizando a máquina. Após pressurizar o sistema, a primeira válvula abre, lubrificando o primeiro setor da máquina. A graxa é conduzida até a segunda válvula, lubrificando o segundo setor, e assim até o final do sistema.
Neste sistema, se uma válvula falha, o aumento de pressão na linha faz com que a bomba pare e todo o sistema fica sem lubrificação, emitindo um alerta. A falha então é rapidamente percebida e corrigida.
Os sistemas indiretos ainda podem ser subdivididos em mais dois grupos: Linha Simples e Dupla.
Nos sistemas de linha simples, cada ponto recebe a lubrificação de uma linha de abastecimento, enquanto nos sistemas de linha dupla, cada ponto recebe duas linhas de abastecimento, alternando-se entre as linhas.
Esta última configuração garante uma margem de segurança para o funcionamento da máquina, mas aumenta os custos e complexidade relativos à sua instalação.
Quando o sistema de lubrificação trabalha com óleo, pode ainda haver uma linha de retorno, que conduz o óleo de volta ao reservatório. O fluido então é filtrado e utilizado continuamente. Este acréscimo evita que haja algum tipo de gotejamento do óleo nos pontos de lubrificação.
Controle da lubrificação centralizada
Há muitos meios de se manter o controle sobre sistemas de lubrificação centralizada, desde bombas manuais até sistemas totalmente controlados remotamente.
Sistemas onde a bomba é manual, são os mais simples e acabam apenas reduzindo o tempo gasto com lubrificação por parte dos técnicos. Também são os mais raros entre os sistemas centralizados.
A grande maioria dos sistemas, entretanto, utiliza bombas automáticas e temporizadores nas válvulas para aplicação do lubrificante. Assim, as rotinas de manutenção se resumem a verificar o nível de lubrificante no reservatório e uma eventual checagem nos pontos de aplicação.
Com o advento da indústria 4.0, com muitas máquinas sendo conectadas à internet, os sistemas de lubrificação também estão se transformando para se adaptar à nova realidade.
Assim como as máquinas podem enviar dados de sua produção aos gerentes de processo, elas podem também enviar dados de consumo de lubrificante, pressão das linhas, se há ou não algum problema nas válvulas aos responsáveis pela manutenção. Assim os técnicos e gerentes podem ter um plano de ações muito mais preciso e atualizado sobre a lubrificação e manutenção dos equipamentos.
Conforme vimos, apesar do custo de implantação ser mais alto e exigir algum treinamento por parte dos técnicos e lubrificadores, os sistemas de lubrificação centralizadas podem trazer várias vantagens à indústria, como maior controle, menor desperdício e redução no tempo de manutenção dos equipamentos.
Finalizando, a escolha por um sistema manual ou um centralizado, e quão automatizado será este sistema, depende de muitos fatores. Entre eles estão a complexidade do equipamento, sua frequência de lubrificação, sua criticidade dentro do processo produtivo, e seu custo de implantação.
Ou seja, equipamentos mais simples e que não sejam críticos ao processo, não tem necessidade de investimento na centralização da lubrificação.
Já equipamentos mais sofisticados e cuja parada estaria relacionada à altos custos de manutenção e perda de produção grave, são mais propensos a terem sua lubrificação centralizada e automatizada; inclusive sendo monitorada remotamente.
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